domingo, 31 de maio de 2020

Cartas para Deus



Antigamente tínhamos o hábito de escrever cartas.

Tínhamos nossos correspondentes dos mais variados lugares e que arrumávamos das mais diversas formas.

Ia-se ao correio e perguntava-se ansiosamente se havia alguma carta.

Um pouco depois, esperava-se ansiosamente o carteiro.

Aqui em Ivoti, primeiro a querida Sidônia trabalhava sozinha no balcão do Correio.

Depois quando voltei a morar em Ivoti, esperava ansiosamente o carteiro Lauri. Trazia cartas, trazia um sorriso no rosto e sempre uma rápida prosa. Ás vezes pedia água, talvez só para esticar um pouco a conversa.

Escrever, receber as cartas,  nos trazia ânimo na nossa adolescência as vezes bem conturbada.

Minha primeira correspondente foi Nilve de Ibirubá,  conseguida pelo jornal alemão que meus pais e o tio liam,  o famoso “Brasil-Post”.

Havia as cartinhas das amigas de infância: Leci, Lenise, Clarice,  de Picada Capivara, hoje Lindolfo. E destas, o carteiro era o Sr. Nestor Sander,  leiteiro de lá e  que as entregava para mim na Laticínios Ivoti onde eu trabalhava.  Traziam notícias dos namoros dos últimos acontecimentos de lá...

Elisa, Edi de Sapiranga, Loraci de Pelotas, Wanda de Campos Quevedos já na adolescência,  tinham muitas vezes  os mesmos conflitos que eu.

Mais tarde, já casada, acrescentei alguns correspondentes: Adi de Santo Augusto, Marci de Ajuricaba que escrevia e não mandava, Maura de Vera Cruz, Miriam de Imigrante, Elisabeta de Venâncio Aires, Adriane de Não-me-Toque...

Lembrando deste passado, também me veio a mente que eu escrevia cartas para Deus.

Fiz uma  espécie de um diário,  onde contava meus conflitos, minha saudade de casa, a matéria de matemática que às vezes não compreendia, as paixões secretas e nunca reveladas...

Mas sobretudo, eu pedia força, sabedoria e fé para Deus.

Pedia que Ele me guiasse porque não queria decepcionar meus pais que me deixaram sair de casa com 12 anos para estudar.

Este diário, estas cartas,  me clareavam o caminho a seguir.  

E assim, nesta pandemia, onde tantos estão sofrendo,  revoltados, outros aprendendo o que Deus quer nos ensinar...

Quem sabe? Um diário... Onde se pode contar como está sendo esta vida que Raul Seixas já cantava em 1977... “O dia em que a terra parou”...

Escrevendo neste diário, direcionando nossas aflições ao Alto,  talvez tenhamos mais forças?

Escrevendo neste diário, nossos motivos de agradecer a Deus pela vida que está aí para ser vivida com mais cuidado,  vejamos o quanto que há para agradecer?

E assim, deixo minha reflexão... Fé, amor, esperança, paciência,  devem nos mover neste momento. 

Deus que é Pai continue em nossas vidas.

Que Jesus, governador do Planeta Terra, não desista de nós.

Que Mãe Maria, continue estendendo seu manto de paz sobre toda a humanidade.
                                       
                      Que assim seja! 
Este texto pode ser copiado parcialmente ou integralmente para fins educativos!


Um comentário:

  1. Me recordei agora dos meus diários /agendas da minha adolescência que ainda os(as) guardo.E as cartas?nossa realmente era uma alegria recebê-las, esperá-las.

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